Desde sempre, tem nos intrigado saber se a música tem efeitos sobre os animais. Embora seja fácil experimentar com os nossos próprios animais de estimação, apenas a ciência conseguiu revelar como alguns animais reagem à estimulação musical.
Embora existam vários estudos usando diferentes estratégias de pesquisa com diferentes espécies de animais, ainda não há uma resposta inequívoca. A seguir, veremos alguns exemplos interessantes para refletir sobre o assunto.
O Danúbio azul, número um na música canina
Um estudo com 161 cães moradores de um abrigo avaliou o efeito de diferentes melodias e gêneros no comportamento canino. Foi descoberto que a música clássica, mais especificamente o Danúbio Azul de Strauss, reduzia a ansiedade.
Assim, foi observado um aumento significativo no tempo de sono e uma diminuição no latido. Por outro lado, o efeito do heavy metal pareceu não ser tão positivo, pois foi observado um aumento nos latidos, menor tempo de sono e agitação constante.
Em suma, todos os sintomas que um verdadeiro metaleiro talvez não tivesse ao ouvir o seu gênero preferido antes de dormir.
Muuuu música para os ouvidos
Assim como os cães, as vacas também preferem a música clássica. Foram relatados tempos de ordenha significativamente menores enquanto as vacas ouviam grandes clássicos.
A Sinfonia Pastoral, de Beethoven, e Bridge over Troubled Water, de Simon & Garfunkel, foram grandes sucessos no galpão de ordenha.
Essas músicas produziram modestos aumentos de 3% na produção de leite. Por outro lado, quando o gado foi exposto a canções barulhentas, tais como Tiger Feet, de Mud, e Size of a Cow, de Wonder Stuff, não houve aumento na produção de leite.
Para as codornas, a variedade é o sal da vida
Em 2016, um grupo filipino divulgou um estudo sobre como diferentes tipos de música influenciam o desempenho, a qualidade dos ovos, o comportamento e a economia da criação de codornas japonesas.
No estudo, um total de 165 filhotes, divididos em 5 grupos, foram submetidos durante quatro meses a 12 horas contínuas de música. Os grupos de estudo foram: controle (sem música) e mistura de vários gêneros: clássico, heavy metal, reggae.
A análise revelou que as codornas expostas à música aleatória e clássica apresentaram maior peso corporal final em comparação com os outros grupos. A qualidade dos ovos também foi maior nos grupos com música aleatória e clássica.
Mozart adaptado para roedores
Recentemente, um estudo se propôs a determinar o efeito da música na memória e no aprendizado. O trabalho utilizou quarenta ratos, expostos por dez minutos diários, durante 10 semanas.
Para isso, foi produzida uma versão ‘roedora’ da Sonata para dois pianos em ré maior, de Mozart. A versão era duas vezes mais rápida e uma oitava acima da original.
Os grupos de ratos receberam os estímulos musicais antes (‘A’), durante (‘D’) e antes e durante (‘AD’) o teste de memória. O grupo de ratos controle (‘C’) foi mantido em silêncio.
O aprendizado espacial e a capacidade de memória dos animais foram testados em um labirinto radial de 8 braços. Ao final, os autores relataram que os ratos expostos à música antes e durante (‘AD’) apresentaram melhora significativa na aquisição de tarefas.
Uma melhora passageira
É interessante observar que o efeito da música foi temporário. Ao testar o grupo campeão 4 horas após o tratamento, a melhora observada havia desaparecido.
Ficou claro que a música modificada para se ajustar ao alcance auditivo dos roedores melhora a capacidade de aprendizado do labirinto e o desempenho da memória se eles receberem estímulos musicais antes e durante os testes.
Os resultados são promissores, pois permitem o desenvolvimento de um modelo de rato para estudar os distúrbios da memória humana.
A música pode ser um estímulo positivo
Em conclusão, esse conjunto de estudos mostra que a música pode ser uma força universal de expressão e cuidado. Assim, a música pode moldar as emoções de humanos e animais.
Resta ver o que será revelado pelas próximas pesquisas sobre a relação entre os animais e a música. Principalmente músicas adaptadas aos seus ouvidos.